Muito
se tem falado sobre as chances de acontecer um impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Como acontece com vários temas sobre a política
institucional do nosso país, vários mitos e inconsistências sobre o processo de
impeachment se espalharam rapidamente pela internet e nas redes sociais,
causando ainda mais confusão no entendimento das pessoas sobre o assunto.
Várias
dúvidas pairam no ar. Em que casos pode acontecer um processo de impeachment?
Como funciona o processo? Se Dilma sai, quem assume? Haverá novas eleições ou o
segundo colocado das últimas eleições a substitui?
O que é o impeachment?
É um processo em parte jurídico, em parte político, conduzido pelo
Congresso Nacional, que julga se uma pessoa com função pública cometeu um
chamado crime de responsabilidade. No caso do presidente, ele pode
ser condenado por oito grupos diferentes de crimes de responsabilidade.
Quem pode ser sujeito a um processo de impeachment?
Qualquer pessoa com uma função pública pode sofrer um impeachment: presidente, deputado,
governador, prefeito, bem como ministros e secretários. Os vices também podem
ser submetidos a esse processo.
Quem pode fazer um pedido de impeachment?
Qualquer pessoa pode fazer um pedido de impeachment. Basta
entregar uma denúncia contra uma pessoa com função pública à Câmara dos
Deputados. É claro que, para ela ser acatada, ela tem que estar acompanhada de
provas do suposto crime cometido pela pessoa acusada. Outros critérios para que
a denúncia seja aceita são conter uma lista de pelo menos cinco testemunhas e
ter uma assinatura com firma reconhecida.
Caso um
pedido de impeachment seja aceito, o que acontece em seguida?
- Se o presidente da Câmara considerar que a denúncia é válida, ele tem de apresentá-la ao plenário da Câmara.
- Em seguida, ela é encaminhada para uma comissão formada especialmente para analisar o caso.
- Se for acolhida pela comissão, o presidente tem de apresentar sua defesa. Prazo: 10 sessões da Câmara.
- Depois da defesa do Presidente, a Câmara apresenta um parecer sobre o caso. Prazo: 5 sessões.
- 48 horas após a apresentação do parecer, o documento deve ser incluído na ordem do dia e votado pelos deputados (513, ao todo). São necessários 2/3 dos votos (342) para o processo de impeachment começar (sim, ele só começa a partir deste ponto).
- Aprovado o pedido de abertura do processo, ele é repassado para o Senado, que é responsável pelo julgamento propriamente dito.
- Quando o Senado instaura o processo, o Presidente é automaticamente afastado de suas funções. Dois terços dos senadores precisam ser a favor do impeachment para que ele seja condenado. O prazo para finalizar o processo é de 180 dias. Se passar desse prazo, o Presidente volta às suas funções; mas se for considerado culpado, será novamente afastado.
- O político condenado em processo de impeachment, além de perder o cargo, fica inelegível por oito anos.
Quem
assume se o Presidente sofrer impeachment?
O
substituto imediato do Presidente é o seu vice. Ou seja: se Dilma não
pudesse mais governar hoje, Michel Temer seria o novo presidente.
Mas se o
vice também não puder exercer o cargo, seja por cassação ou renúncia, quem
assume em um primeiro momento é o Presidente da Câmara dos Deputados (hoje
Eduardo Cunha). Mas ele não fica por muito tempo no cargo: será necessário
convocar novas eleições para a escolha de um novo representante. Nesse caso, é
preciso atentar a um detalhe importante:
- Se os cargos de Presidente e Vice-Presidente ficarem vagos nos primeiros dois anos de mandato: novas eleições diretas serão convocadas. Isso deve acontecer 90 dias após o último cargo ficar vago.
- Se a saída de ambos ocorrer nos últimos dois anos de mandato, a escolha do novo presidente será indireta, por votação do Congresso. A escolha deve ser feita em 30 dias.
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